Atriz diz que se sente ‘acuadinha’ com a separação de Edson Celulari e ainda dá lição de como seguir em frente
Rio - Claudia Raia é uma estrela. No melhor sentido da palavra. É daquele tipo de pessoa que ilumina o ambiente quando chega, tem sorriso largo, ótimo humor e presença magnetizante. Claudia hipnotiza com sua energia e opinião firme sobre os assuntos mais variados. Aos 43 anos, dona de uma pele de boneca de porcelana e de um corpo de dar ‘inveja branca’, ela interpreta, dança e canta como poucos no País. Esbanja talento. Se em 2008 fez o Brasil inteiro chorar como a sofrida Donatela de ‘A Favorita’, agora é responsável por boas gargalhadas como a exagerada Jacqueline de ‘Ti-ti-ti’, seu atual xodó. “Ela, Jacqueline, é muito inadequada, politicamente incorreta, mas adorável. Praticamente uma Tancinha pop”, explica, referindo-se à espalhafatosa personagem que viveu (e ganhou fama) na novela ‘Sassaricando’, de 1987. “E é bom frisar que Jaqueline não é feita só por mim. Está sendo escrita lindamente por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villar e dirigida por Jorge Fernando. E só acontece por existir o Alexandre Borges interpretando Jacques Leclair. Batemos bola há anos e conhecemos muito bem um ao outro. Isso facilita muito, é um jogo bom. A gente se adora”, elogia ela seu amigo e parceiro de cena.
'A Jaqueline só acontece por existir o Alexandre Borges como Jacques Leclair. Batemos bola há anos. A gente se adora' | Foto: Marcelo Faustini
Além de brilho de estrela, Claudia tem uma característica singular, que tem a ajudado a atravessar o atual momento conturbado: a alegria. É possível perceber esse traço de sua personalidade nos primeiros 15 minutos de conversa. Apesar do luto pós-separação do ator Edson Celulari — com quem viveu durante 16 anos e teve dois filhos, Enzo, 13, e Sophia, 7 —, a atriz reconhece que sofre sem deixar a peteca cair. “Sou alegre, mesmo triste.
Gosto de acordar. Nunca fiquei deprimida. Nunca chorei o dia inteiro, apesar de já ter chorado muitas vezes em um só dia”, observa ela. “Mas é claro que estou acuadinha, bem diferente do meu normal. É preciso enlutar em uma separação. Fingir que o luto não existe é um grande erro. A cobrança vem lá na frente, com juros e correção monetária”, analisa.
A separação de um dos casais mais queridos da TV brasileira surpreendeu a todos. Primeiro, pela notícia em si. Depois, pela forma, elegantíssima, diga-se de passagem, como foi feita, através de um comunicado à imprensa. “Resolvemos fazer o aviso em conjunto. Agimos assim para evitar especulação. Por que toda separação tem que ter barraco? As pessoas já pensam o pior: quem está com quem, quem traiu, quem sacaneou, quem roubou. Nós vivemos uma linda história de amor que está terminando com a mesma elegância e a mesma qualidade de amor e respeito”, explica Claudia, que contou com o amigo e assessor Mário Canivello para tão delicada missão: “Ele falou que esta era uma notícia que ele não queria dar”. O resultado da atitude do casal foi exatamente o que ela almejava. “A imprensa respeitou o nosso recolhimento. Os profissionais, que, durante 17 anos, nos acompanharam e comemoraram as nossas conquistas, entenderam o nosso silêncio. Então, aqui vai o meu agradecimento a toda a imprensa”.
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Nas ruas, a reação do povo foi e está sendo de carinho sincero. “O Brasil ficou de luto, mas acho isso muito bonitinho. O público reconhece que o casamento foi uma instituição defendida por nós e avalizou a nossa união. As pessoas me perguntam: ‘Você está bem?’ ‘E as crianças?’. E dizem: ‘Estamos rezando por vocês’”, conta ela, emocionada.
Sobre o seu futuro amoroso, ela minimiza, se diz despreparada para voltar a seduzir e ser seduzida. “Perdi a embocadura. Quero ficar quieta. Não fantasio nada, nem sei nada deste quesito. Desaprendi, mas na hora certa, volto a aprender”.
A tarefa de adaptação à nova vida de solteira tem sido compartilhada com os filhos, de quem Claudia fala com os olhos brilhando. “Enzo é ariano, sabe o que quer, é um espírito velho, sábio. É calmo, não grita, não altera a voz. A música é a vida dele. Toca bateria desde os 6 anos e acaba de gravar uma música, ‘Patricinha’, com a sua banda, Olly, tema da personagem Camila, de ‘Ti-ti-ti’. Ele compôs a letra e a melodia e eu fiz backing vocal. Tem coleção de vinil, ama música boa, como Paulinho da Viola, Lulu Santos e Rita Lee. Já Sophia é um furacão. Dança, sapateia, faz canto e é uma bela ginasta. Ela diz que deseja ser como eu, dançar, cantar e trabalhar como atriz. De uma coisa eu tenho certeza: ela fará algo que apareça”, diverte-se.
Nas horas de lazer, o trio adora fazer programas gastronômicos, descobrindo novos restaurantes pela cidade, jogar Pizza Maluca em casa e “fazer baguncinha na cama”. Claudia, por sinal, adora comer. “Sou uma ‘gourmezona’ e não tenho preconceitos, vou de A a Z. Adoro comer na casa das minhas empregadas e vou muito a festas da equipe técnica. Sou a rainha da técnica, totalmente povão, flamenguista e corintiana”, descreve a atriz, jurando, que, sim, ela come buchada. “Mas parei de comer carne, que adorava, por recomendação médica”.
Em plena idade da loba — ela completa 44 anos dia 23 de dezembro —, Claudia está se preparando para não ter medo de envelhecer. “O mais chato do mundo é querer parecer uma idade que não se tem”, avalia. “Mas a verdade é que a gente vive num País onde quem tem 40 anos já é considerado velho. Para se chegar bem aos 50, é preciso ser quase um Indiana Jones da vida. Temos que comer cada vez melhor, fazer cada vez mais exercícios.Como lido com a imagem, sou obrigada a isso. Do contrário, vou ser caixa do banco Bradesco”, brinca. Mas nada de paranoias. A pele de pêssego herdou de sua mãe e foi mantida graças a aversão ao hábito de tomar sol. Claro que já fez um preenchimento aqui, um laser acolá, mas desaprova o excesso de botox que invade as expressões alheias, inclusive de atrizes. “Mas também não sou natureba, nem hipocondríaca. Não tomo remédio para dormir, não sou adepta de antidepressivos, não bebo, não me drogo e nem sexo, que fazia, eu faço mais”, avisa.
A juventude também é alimentada através de projetos, ideias e sonhos que fazem ela seguir sempre em frente. Depois de viver a perua Jaqueline, a atriz já sabe muito bem o que fará. E não é tirar férias numa praia deserta. “Vou montar o espetáculo ‘Cabaret’ (musical eternizado pela atriz Liza Minnelli, no cinema, em 1973). A produção é minha. Este é um projeto que persigo há muito tempo e estou muito feliz por realizá-lo agora. Pretendo estrear em agosto do ano que vem, em São Paulo”, revela. Claudia Raia, mais do que ninguém, sabe que o show não pode parar.
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