Contrariando o ditado, no caso de Claudia Raia tamanho é documento. A sua exuberância física permite que Jacqueline seja, simultaneamente, sedutora e ameaçadora - dependendo da situação e para quem impulsionara o corpo.
Cláudia Raia é um vulcão em permanente erupção física e artística neste remeke de Ti-Ti-Ti.
Ninguém segura
Não chega a ser surpresa o show de Cláudia Raia em papel humorístico. Surpresa, pelo altíssimo nível alcançado, foi o desempenho dela em “A Favorita”, inclusive, por não se deixar ofuscar por uma Patrícia Pillar que estava agraciada com a luz dos deuses da interpretação.
Cláudia é uma força da natureza que adentra em cena como uma Bette Davis do riso. Em duas sequências memoráveis, destruiu o apartamento, na briga com o marido (Breno / Tato Gabus Mendes), e virou corredora de meia maratona, na perseguição (pelas ruas) a Victor Valentim (Murilo Benício).
O pique da interpretação
A super-atuação é um perigo, pois, na maioria das vezes, torna-se desgraciosamente repetitiva. Como exemplo negativo, veja o chatíssimo Jair interpretado por André Gonçalves em “ Escrito nas Estrelas”.
Isso, porém, não está acontecendo com Jacqueline. O pique da interpretação de Cláudia Raia, devidamente ajustada ao estilo da história, está entre as melhores coisas da novela das sete.
O furacão com nome francês
Outro furacão em cena é Alexandre Borges, em composição radicalmente oposta ao do papel vivido em “Caminho das Índias”, reapareceu deliciosa e perigosamente descontrolado como Jacques Leclair – o sofisticado, afeminado e sexualmente dissimulado estilista de Ti-Ti-Ti.
Alexandre Borges faz no elenco masculino, o que no feminino Cláudia Raia está fazendo. Até o sorriso afivelado no rosto, uma das características da imagem cênica do ator, combina com o charme afetado do vivaldino Jacques Leclair.
O dinamismo físico de Alexandre Borges, em sintonia com o de Cláudia Raia, consegue afastar a monotonia das situações repetitivas da trama.
Ele é melhor no drama
A história de Ti-Ti-Ti tem como plataforma de sustentação humorística a rivalidade pessoal e profissional dos costureiros Jacques LecLair e Victor Valentim, e, entre os dois, a indomável Jacqueline: “Eu sou hiperativa. Não sei ficar parada”.
Apesar do seu comprovado talento, Murilo Benício possui um perfil artístico que se ajusta mais ao drama (esteve excelente em “A Favorita”) do que na comédia. Ele não atrapalha, e, nas vezes em que aparece como o sedutor costureiro espanhol, se sai bem. Mas, no conjunto, acha-se longe de Cláudia Raia e Alexandre Borges.
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