Cláudia Raia vê a atrapalhada Jaqueline de Ti-Ti-Ti como um dos papéis mais difíceis de sua carreira.
Você não faz um papel cômico na tevê há cinco anos, desde Belíssima. Como foi esse retorno? Cláudia Raia – Foi fascinante ganhar esse papel. Com certeza, é um dos melhores da minha carreira. Mas não foi tão fácil como muitos pensam. O Jorge Fernando (diretor) quer fazer da Jaqueline aquela prima que todo mundo quer ter. Dessas que se vestem de maneira diferente, que são “pra frente”, que têm coragem de fazer coisas ousadas, falam o que pensam, são modernas... Só que tudo isso fez com que ela virasse uma péssima mãe, uma mulher inadequada ao extremo. E todo mundo adora!
O que o público costuma comentar? Cláudia – Ouço muitas brincadeiras e elogios. Fico feliz porque acho que nenhuma novela que eu fiz tinha essa identificação popular tão forte. A ponto das pessoas saberem frases e coisas da personagem e repetirem o tempo todo. A Favorita, por exemplo, foi um sucesso estrondoso, mas era diferente. Ti-Ti-Ti é uma comédia e isso também ajuda a aproximar os telespectadores da gente.
Você disse que o público repete algumas coisas nas ruas. Você se inspirou em alguém na hora de criar o jeito de falar da Jaqueline? Cláudia – Sim, e acho muito inusitado dizer isso. Na verdade, eu me inspirei na minha própria filha, a Sophia. Eu imito um pouco o jeitinho dela porque acho que é engraçado.
O humor mudou muito nos últimos anos. É mais difícil fazer rir hoje? Cláudia – Eu acho bem mais complicado. Perdemos um pouco a liberdade do lúdico, do sonho, a licença poética mesmo. Acaba ficando tudo muito limitado. A gente não pode pegar uma bebida, fazer uma bêbada, aparecer fumando. Tudo bem, é importante saber dosar, até porque sabemos que existem crianças assistindo. Mas acho que certas situações poderiam e deveriam ser repensadas. Acho que isso ajuda a afastar as pessoas da televisão em geral. Ajuda a diminuir a audiência.
Audiência é uma preocupação para vocês? Cláudia – Antes, aqui na Globo, a gente tinha o Boni. Ele dizia: “Vocês fazem o artístico. Do Ibope, cuido eu”. Era ele quem tinha de saber como lançar uma novela. E se não desse certo, como relançá-la. Havia um desespero na emissora até pouco tempo atrás, em relação a isso. Quando não dava certo na primeira semana, faziam um grupo de discussão. O público nem sabia direito a função dos personagens nas tramas e ainda estava de luto da outra novela. Sim, porque existe um luto. Seja para não virar refém ou por rejeitar mesmo o término da anterior. É como marido novo com os filhos: você vai se acostumando com aquilo aos poucos. Essa adaptação, em algum momento aqui na Globo, ficou histérica. Mas de dois anos para cá, se acalmou.
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